Categoria: Meio Ambiente

O homem, sua trajetória e o planeta – por Rama Amaral

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Foi a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, coordenada pela Organização das Nações Unidas, que o mundo ou a entender que seria preciso pensar sobre a vida com sentimento de preservação e sobre as ações do homem e o cuidado desta espécie com o planeta terra. Desde então, sucessivos movimentos ambientalistas pelo mundo ascenderam pela vida, bem como governos, instituições e empresas privadas comprometidas com o meio ambiente e a sustentabilidade.

Mas foi no período pré-histórico – paleolítico ou neolítico e na antiguidade, devido às necessidades do homem manter sua espécie viva, que o planeta começa a sofrer as primeiras interferências. A luta pela sobrevivência foi fundamental à vida da espécie humana, porque para se manter viva ele precisou driblar as intempéries do tempo, sobretudo contra o frio e por coleta de alimentos. Como nômade, e, às vezes, como animal feroz como outros seres vivos, elevou-se à condição de líder, a ponto de lutar contra estes para se defender das constantes ameaças. Porém, foi por meio da invenção da arte, do fogo, da confecção de ferramentas, com a invenção da agricultura e da escrita, que ele se estabeleceu como espécie dominante e predestinada a evoluir, instituindo as primeiras concepções de comunicações sociais eficazes e técnicas de domínios inteligentes, que efetivamente séculos mais tarde, algumas dessas concepções e ideias iluminadas, seriam transformadas em projetos destrutivos das espécies, revelando uma classe civilizada, diferenciada, progressista e próspera, mas perigosa, cruel e infantil.

Já instituído de descobertas, animais e membros da própria espécie domesticados, reinos ou territórios organizados, estratégias, moedas, poder e influência, o homem a a ser o único animal político detentor de grandes e de medíocres decisões, capazes de realizar revoluções, nobres projetos, acumular grandes fortunas, ao tempo que promove mortes da própria espécie através de guerras e outros meios, além de destruição da flora e da fauna, para continuar com o progresso e o desenvolvimento, que tempos depois am a serem a quaisquer custos, não importando os meios utilizados para impor seu domínio.

Hoje, apesar da globalização, da evolução da ciência, da nanotecnologia, da inteligência artificial, da robótica, das fórmulas, preconceitos e conceitos expostos nas redes sociais, na Internet, o homem se tornou uma espécie doentia, confusa, explosiva e fragilizada, apesar de confiar num próprio Deus que ele mesmo criou para adorar, um Deus dogmático que contracena no mesmo espaço cético e maquiavélico do darwinismo que cada vez mais se sobressai e é adaptado à lei do mais forte ou a quem melhor se camufla. Esse homem construiu saberes, criou movimentos específicos para cada seguimento da sociedade, foi capaz de criar movimentos românticos, inventar invenções essenciais para o bem do planeta e das espécies, de sonhar em habitar outro planeta, mas não foi capaz, ainda, de se humanizar e compreender a si mesmo e a respeitar fronteiras, dores, sentimentos, liberdade, , opiniões, espaços, vontades, leis, tradições, e, claro, as outras espécies e o planeta terra.

O homem, á sua ganância e ambição, se tornou escravo de ideias loucas, do dinheiro, do poder, dos laboratórios, das doenças provocadas pelos alimentos contaminados, frutos de agrotóxicos e de tecnologias de últimas gerações (alimentos processados, alimentação artificial…). O homem detentor de grandes indústrias; corporações financeiras; de imensuráveis conglomerados de mídias e latifúndios de terras, que muito explorou e explora espécies, inclusive a sua, ainda não foi capaz de saciar a própria vontade, de encontrar a tão sonhada felicidade para viver o que ele próprio destrói todos os dias, a tal paz, que ele mesmo afirma que isso é possível com boa convivência, servindo mais a quem precisa, celebrando a existência através da família, com a religião e com seu Deus, embora utilizando arquétipos, máscaras, armações, conflitos e espécies de outros deuses para seguir sua trajetória pela vida.

Ora, o homem é máquina que manipula o sistema, encena a vida e controla o mundo com suas ações! Espécie louca pelo lucro à sua infernal vaidade e necessidade! Um tipo de predador consciente de suas ações benéficas ou prejudiciais! Espécie que possui qualidades inerentes à sua brutalidade ou bons modos à sua capacidade de interpretar a convivência grupal! Porém, espécie animal que consome coliforme fecal como outros animais e procura novos habitats! Que marca território, que se entrega e faz sexo, ouvi, cheira, visualiza e se alimenta, que anda em desequilíbrio ético e moral, que desequilibra a cadeia alimentar, polui e mata gradativamente sua espécie, o planeta e outras espécies! O homem possui humanidade desumana, é hipócrita e fétido, pois cospe no solo que o sustenta! Contudo, procura consertar, ao seu jeito especial, resiliente, cômico e intrigante de ser: O MUNDO-OXIGÊNIO-ÁGUA-TERRA-VIVA O VERDE-ÁRVORE- VIDA SEMPRE RESPIRANDO: AMAR – o planeta em que ele mesmo afirma ter sido o privilegiado para viver e comandar.

Então, se o nosso meio ambiente precisa ser preservado e a partilha ser feita com justiça! O homem, que celebra as conquistas e faz espetáculo ou banaliza a morte, também precisa de cuidados! Pois vive lutando, também, por uma sobrevivência digna. Superando desafios; se reinventado, criando oportunidades e soluções. Fazendo apelos em defesa da vida. Defendendo o planeta, por um mundo em harmonia e em paz; apesar de está a todo tempo em extinção ou destruindo tudo que foi construído por Deus e pelos mistérios da sabedoria universal em milhões de anos.

*Rama Amaral é trabalhador, poeta, ambientalista e ex-membro do PAPAMEL e do Greenpeace.